Brazilian Journal of Ecology, Rio Claro, SP, Brazil, Vol.02 Number 01, 1998

MEDICINA POPULAR NO DISTRITO DE FERRAZ, MUNICÍPIO DE RIO CLARO, ESTADO DE SÃO PAULO.

 

Maria de Fátima Silva-Almeida1 * , Maria Christina de Mello Amorozo 2

 

 1 Departamento de Botânica - IB UNESP Botucatu. 2 Departamento de Ecologia IB UNESP Rio Claro.

 


RESUMO

 

Objetivando registrar quanto uma população sem acesso imediato ao sistema oficial de saúde utiliza as plantas medicinais que conhece, em que situações de doença as utiliza e quais são essas plantas, realizou-se um levantamento enfocando dados sócio econômicos, sobre uso e preparação de plantas e sobre doenças e visitas a médico. O trabalho de campo, realizado entre fevereiro e outubro de 1988, consistiu na aplicação de questionários em 30% dos domicílios de Ferraz, distrito situado 15 Km ao norte da cidade de Rio Claro, São Paulo, onde não há hospital, posto de saúde ou farmácia. O material botânico, coletado simultaneamente à aplicação dos questionários, encontra-se depositado no Herbarium Rioclarense. A população de Ferraz, com quase 17% de analfabetos entre os maiores de 18 anos e com 16,5% de pessoas com mais de 60 anos, está numa camada de baixa renda. Essas pessoas citaram usos para 70 espécies vegetais, sendo que as folhas foram a parte da planta mais utilizada e o principal modo de preparo foi o chá. Poucos indicaram dosagem específica. As doenças consideradas mais simples são tratadas mais informalmente, usando plantas medicinais e, algumas vezes, remédios industrializados sem prescrição médica, o que não acontece com as doenças mais graves ou operações, que levam à consulta via de regra. A população enfocada mostrou ter conhecimento acerca de plantas medicinais. Porém, os resultados obtidos apontam para uma tendência ao desuso dessa alternativa importante de tratar doenças e para a necessidade de conscientização da população quanto aos perigos do uso indiscriminado de espécies vegetais.

 

Palavras chave: Etnobotânica; plantas medicinais; fitoterapia.


 

INTRODUÇÃO

 

O papel das plantas no cotidiano das populações humanas tem sido objeto de estudos há longo tempo, de modo geral buscando identificar na comunidade estudada espécies vegetais com diferentes usos que pudessem ser incorporadas à economia da sociedade dos pesquisadores envolvidos.

Com relação às plantas medicinais, não foi diferente. Seu uso empírico para tratar diversos males tem proporcionado a descoberta de medicamentos importantes, como os digitálicos, drogas derivadas das folhas da dedaleira (Digitalis purpurea e D. lanata), de poderosa ação específica sobre o músculo cardíaco. Seus princípios ativos são hoje armas obrigatórias no combate a certas doenças do coração. Outros exemplos são os alcalóides do grupo do tropano, extraídos da beladona (Atropa belladona) e de outras plantas da Família Solanaceae, que são antiespasmódicos ainda sem sucedâneos na terapêutica contemporânea (8).

Farnsworth, apud em (4), mostrou que 74% das 119 drogas desenvolvidas a partir de plantas, o foram por estudos científicos idealizados para avaliar o uso de plantas bem conhecidas na medicina tradicional, o que evidenciou a importância de se iniciar estudos farmacológicos tendo por base levantamentos etnobotânicos.

Não obstante isto, e apesar de muitas comunidades tradicionais e indígenas, instaladas nos mais diferentes ambientes naturais, guardarem ainda um vasto conhecimento sobre o assunto, acredita-se que apenas 10% das espécies vegetais existentes no planeta foram estudadas do ponto de vista de seus usos como medicamento.

Entre vários estudos sobre a utilização de plantas medicinais, destacam-se os realizados com seringueiros da Reserva Extrativista "Chico Mendes" no Acre, que citaram usos medicinais para 161 espécies vegetais (7). Outro estudo foi feito com a população urbana de Humaitá, com índios de uma aldeia Tenharim e com a população instalada às margens do rio Madeira, todos no Estado do Amazonas, citando uso de 117 espécies (3). Outros autores estudando os caboclos de Barcarena, Pará, citaram uso de 220 espécies (1).

Além das populações consideradas tradicionais, grupos de baixa renda, geralmente instalados na periferia das cidades, utilizam formas alternativas, mais acessíveis e baratas de tratar suas doenças, uma vez que o sistema oficial de saúde, nem sempre disponível, tem-se mostrado cada vez mais ineficiente (2, 6).

Neste estudo, objetivou-se determinar e compreender a utilização de plantas medicinais por uma população com dificuldades de acesso ao sistema oficial de saúde. Para tanto, a coleta dos dados foi realizada em Ferraz, distrito situado 15 Km ao norte de Rio Claro, no vale do rio Corumbataí, Estado de São Paulo, onde chega-se através de uma estrada pavimentada, num percurso de aproximadamente 30 minutos de ônibus. Há apenas três horários diários de ônibus, o que dificulta a movimentação daqueles que não possuem carro.

A vila não possui hospital, posto de saúde ou farmácia, sendo servida por duas casas comerciais que vendem apenas medicamentos que não necessitam de prescrição médica.

 

METODOLOGIA

 

O trabalho de campo foi realizado entre fevereiro e outubro de 1988, tendo-se efetuado um levantamento preliminar e mapeamento das casas da vila. Ao todo foram mapeadas 111 casas, separadas em 2 setores pelo rio Corumbataí. Para cada setor, tomou-se 30% das casas ao acaso, por sorteio, resultando num total de 34 casas.

Foram aplicados questionários, junto aos moradores das casas sorteadas, enfocando aspectos sócio econômicos, sobre uso substâncias medicinais de uso caseiro e sobre doenças e visitas a médico.

As coletas de material botânico e a identificação das espécies vegetais foram realizadas simultaneamente à aplicação dos questionários. As exsicatas encontram-se depositadas no Herbarium Rioclarense.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Dados sócio econômicos.

As 34 residências visitadas dispõem de serviços de coleta semanal de lixo, energia elétrica e água encanada; 25 delas estão ligadas à rede de esgoto, 8 possuem fossa negra e uma não possui sequer fossa.

O tamanho médio das propriedades é de 1.000m2 e todas as casas são de alvenaria, apresentando média de 6 cômodos, incluídos cozinha e banheiro.

As famílias enfocadas são compostas, via de regra, por 3 membros, usualmente o casal e um único filho. Somam, na totalidade, 115 pessoas, sendo 52,2% homens e 47,8% mulheres. A proporção de idosos é relativamente alta, com 16,5% acima de 60 anos, Figura 1.

Figura 1: Estrutura, por sexo e idade, da população amostrada, localizada no distrito de Ferraz, município se Rio Claro, SP.

 

A maior parte dos entrevistados é procedente de Rio Claro (20,6%). Apenas 17,6% são nascidos em Ferraz, enquanto os demais 82,4% vêm de outras cidades, principalmente do Estado de São Paulo.

Dentre os adultos, maiores de 18 anos, 16,7% são analfabetos e 58,9% fizeram até a 4a série; havendo apenas um caso (1,3%) de conclusão de curso superior. Os demais 23,1% compreendem os que chegaram até a 8a série e os que completaram o 2o grau (colegial, técnico ou normal).

As principais fontes de renda são a mineração de areia (extração de areia por dragagem do leito do rio Corumbataí), seguida por atividades comerciais e agropecuárias, exercidas principalmente por homens (16,7% e 6,4%, respectivamente). As mulheres, em sua maioria (83,3%), desempenham atividades domésticas.

Das 34 famílias amostradas, apenas 26 possuem refrigerador (76,5%), 16 possuem TV branco e preto (47,1%) e 12 possuem TV a cores (35,3%).

De modo geral, quando questionados sobre renda, individual e/ou familiar, os entrevistados dissimularam ou não responderam, razão pela qual excluiu-se esse item das entrevistas. Porém, as informações sócio econômicas levantadas permitem inferir que essa é uma população de baixa renda.

 

Dados sobre a utilização de plantas.

Como a região de estudo é ocupada há longo tempo, sua vegetação sofreu severas mudanças. Onde predominava o cerrado e suas formas variantes, hoje há pastagens e lavouras de subsistência. Dessa forma, são poucos os pontos com vegetação natural a serem explorados, no que diz respeito à obtenção de espécies com fins terapêuticos.

Os moradores cultivam ou toleram a maioria das espécies usadas em sua medicina caseira. Das 70 espécies citadas (Tabela 1), 53 são encontradas nos quintais (75,7%), 2 nos jardins (2,9%) e 15 (21,4%) são obtidas em pastos, sítios ou são compradas.

 

Tabela 1: Espécies vegetais citadas, número de amostragem (n=70), no distrito de Ferraz, município de Rio Claro, SP.

Família

Nome científico

Nome vulgar

ARACEAE

Philodendron sp.

Guaimbé

BORAGINACEAE

Symphytum officinale L.

Confrei

CAPRIFOLIACEAE

Sambucus nigra L.

Sabugueiro

CARICACEAE

Carica papaya L.

Mamão-macho

CHENOPODIACEAE

Chenopodium ambrosioides L.

erva-de-santa-maria

COMPOSITAE

Artemisia absinthium L.

Losna

 

Artemisia cf elatior L.

Artemijo

 

Baccharis trimera (Less.) DC.

Carqueja (o)

 

Bidens pilosus L.

Picão-do-mato ou preto

 

Cichorium endiva L.

Chicória

 

Matricaria chamomilla L.

Camomila

 

Mikania cf scandens Willd.

Guaco (s)

 

Porophyllum ruderale Jack. E Cass.

Arnica

CONVOLVULACEAE

Ipomoea batatas Lam.

Batata-doce

CRASSULACEAE

Sedum sp.

Bálsamo ou bálsimo

CRUCIFERAE

Sisymbrium nasturtium L.

Agrião

CUCURBITACEAE

Cucurbita sp.

Abóbora

 

Momordica charantia L.

Melão(zinho)-de-São-Caetano

CUCURBITACEAE (cont.)

Sechium edule Sw.

Machucho ou chuchu

CYPERACEAE

Cyperus sp.

Tiririca

EUPHORBIACEAE

Phyllanthus niruri (Linn. Emend.) Muell. Arg

Quebra-pedra

FLACOURTIACEAE

Casearia sp.

Guaçatonga

GRAMINEAE

Cymbopogon citratus (DC.) Staft.

Erva-cidreira (-fêmea)

 

Zea mays L.

Milho

 

Não identificada

Grama

LABIATAE

Coleus sp.

Boldo-do-Chile

 

Leonurus sibiricus L.

Rubi (m)

 

Mentha piperita L.

Hortelã

 

Mentha pullegium L.

Poejo

 

Rosmarinus officinalis L.

Alecrim

 

Salvia sp.

Atroveram

LAURACEAE

Laurus persea L.

Abacate

LEGUMINOSAE

Cajanus indicus Spreng.

Feijão-guando

 

Desmodium canum (Gmel.) Schins. Et Thell.

Fumo-bravo

 

Hymenaea courbaril L.

Jatobá

 

Tamarindus indica L.

Tamarindo

LILIACEAE

Allium cepa L.

Cebola

 

Allium sativum L.

Alho

MYRTACEAE

Eugenia sp.

Pitanga

 

Myrciaria cauliflora Berg.

Jabuticaba

 

Psidium guajava L.

Goiaba

MORACEAE

Ficus carica L.

Figo

OXALIDACEAE

Averrhoa sp.

Carambola

PASSIFLORACEAE

Passiflora cf caerulea L.

Maracujá

POLYPODIACEAE

Adianthum sp.

Avenca

PUNICACEAE

Punica granatum L.

Romã

ROSACEAE

Prunus persica Stpkes

Pêssego

 

Rosa sp.

Rosa

 

Rosa spp.

Rosa vermelho-amarelada

RUBIACEAE

Amaioua sp.

Café-de-bugre

RUTACEAE

Citrus aurantium L.

Laranja

 

Citrus limetta Risso

Lima-Pérsia

 

Citrus limon Burn.

Limão-galego

 

Citrus limonum Risso

Limão-cravo

 

Não identificada

Limão-Taiti

 

Ruta graveolens L.

Arruda

SOLANACEAE

Datura arborea L.

Trombeta

 

Solanum jilo Radi

Jiló

UMBELLIFERAE

Pimpinella sp.

Erva-doce

VERBENACEAE

Lantana camara L.

Cambará

 

Lantana lillacina Desf.

Melissa (erva-cidreira-macho)

ZINGIBERACEAE

Zingiber officinalis Roscoe

Gengibre (gengiba)

 

Zingiber sp.

Cana-do-brejo

Não identificada

 

Boldo-brasileiro

Não identificada

 

Taperaba

Não coletada

 

Amora

Não coletada

 

Embaúba-branca

Não coletada

 

Erva-de-bicho

Não coletada

 

Espirradeira-branca

Não coletada

 

Taróba

 

As 63 espécies identificadas estão distribuídas em 31 famílias botânicas, sendo que a maior parte delas (38,1%) pertence a 4 famílias: 8 Compositae (12,7%), 6 Labiatae (9,5%), 6 Rutaceae (9,5%) e 4 Leguminoseae (6,4%). Sete espécies não puderam ser coletadas ou identificadas.

A maior parte dessas espécies apresenta hábito herbáceo (68,2%), seguindo as de porte arbóreo (22,2%) e arbustivo (9,6%).

Para cada espécie citada, os informantes indicaram um ou mais usos, que são apresentados na Tabela 2.

 

Tabela 2: Espécies citadas e seus usos conforme o relato dos entrevistados em distrito de Ferraz, município de Rio Claro, SP.

Nome vulgar

Parte usada

Modo de preparo

Posologia

Usos populares

1. Guaimbé

In

1. cortada em 9;Tt em vinho doce; enterrar

VO-1 cálice/dia

Reumatismo.

2. Confrei

Fo

Dc

 

Dc c/ picão-preto

 

Mc

BL c/ laranja (Su)

VO

Bn

VO

Bn

So

VO

Reumatismo, dor de estômago, infeção interna.

Dor nas pernas, unheiro (a).

Infeção no útero, corrimento.

Picada de inseto.

Cicatrizante.

Soltar intestino.

3. Sabugueiro

Fo

Fo / Fl

Mc e Sm

Dc (às vezes c/ AAS)

So

VO

Furúnculo, ferida.

Arrebentar sarampo e catapora,

4. Mamão-macho

(ver 23, 28 e 45)

Fl

Dc

Xr c/ açúcar queimado ou mel

VO

VO

Tosse.

Gripe, tosse, catarro.

5 erva-de-santa-maria

Fo

Dc

Dc c/ hortelã e

rubim (Sm)

VO

VO

Vermes.

Vermes e caxumba.

6. Losna

Fo

2 ou 3; Cr em água

Mc; juntar água e coar

Dc s/ açúcar

VO

VO

VO

BA

Dor de estômago e fígado.

Dor de cabeça e estômago, provoca vômito.

Dor de estômago e fígado.

Expelir oxiúros.

7. Artemijo

Rm

Dc s/ açúcar

VO

Dor de estômago.

8. Carqueja

Ca secos ou frescos

Ca secos

 

Ca frescos

Dc

 

Xr c/ gema de ovo e 3 colheres de açúcar

If ou Cr em água

VO

 

VO

 

VO

Abrir apetite, desintoxicar, emagrecer, diurético, má digestão.

Dor de estômago e fígado.

 

Dor de estômago e fígado.

9. Picão-preto

(Ver 2)

Rm

Dc

 

VO - 3 goles/dia

Bn - 3 banhos/dia

Icterícia.

Feridas, grosseiro, icterícia.

10. Chicória

Rz

Dc

VO

Emagrecer.

11. Camomila

Fl secas ou frescas

Dc

VO

Diarréia (refrescar o calor dos intestinos), dor de estômago e barriga, anti-inflamatório.

12. Guaco

Fo

Xr

Vo – várias vezes/dia

Tosse, bronquite.

13. Arnica

Rm

Cr em álcool (alguns dias)

Fc

Contusão, dor reumática e muscular.

14. Batata-doce

Fo

Dc (à vezes c/ sal)

Dc ou Cr em água

Bh (quente ou frio)

VO

Dor de dente.

Dor no fígado.

15. Bálsamo

Fo

Mc

Sm ou Nt

Fc ou So

VO

Contusão, machucado, ferida.

Úlcera, infeção intestinal.

16. Agrião

Fo

Nt

VO

Coração, pulmão, afinar o sangue.

17. Abóbora (Ver 24)

Sm

Tr

VO

Expelir oxiúros.

18. melão-de-são-caetano

Fo

Cr em álcool

Fc

Machucado, picada de inseto.

19. Machucho

Fo

Dc

VO

Baixar pressão.

20. Tiririca

Rz / PT

Dc

VO (como água)

Diabetes.

21. Quebra-pedra

(Ver 24 e 32)

PT

Dc

VO

Dor de barriga, diurético.

22. Guaçatonga

Fo

Cr em álcool

Fc

Machucado, coceira, picada de inseto.

23. Erva-cidreira

(Ver 62)

Fo

 

"Ta"

Dc c/ cravo da Índia

 

Dc

Dc c/ laranja (Fo) e mamão (Fl)

VO

 

VO

VO

Calmante, insônia, gripe, dor de cabeça e estômago.

Dor de estômago, ânsia de vômito.

Tosse, rouquidão.

24. Milho

(ver 32)

Es

Dc c/ abóbora (Ca) e quebra-pedra (PT)

VO

Soltar urina.

25. Grama

Fo

Dc

Bn (cabelo)

Evitar queda.

26. Boldo-do-Chile

Fo

Dc ou Cr em água

VO

Dor de estômago ou fígado.

27 Rubim

(Ver 5)

Fo

Mc c/ sal e óleo

Mc e esquentar c/ água

So

So

Torção.

Torção, batida.

 

Fo

Mc e Cr em álcool

Fc

Contusão, batida.

28. Hortelã

(Ver 5, 38 e 56)

 

Fo

Dc

 

Dc c/ poejo

VO

 

VO

Gripe, reumatismo, calmante, tosse, dor de barriga.

Tosse, tremor de frio, vermes, lombriga, catarro, calmante.

 

 

 

 

 

Rm

 

 

PT

Idem c/ banha de galinha

Fervidas em leite

Xr c/ açúcar queimado

Xr c/ mamão (Fl)

Dc

Xr c/ açúcar e casca de limão-Taiti queimados

Dc

VO (crianças)

 

VO (crianças)

VO (frio)

VO

VO

VO

 

VO

Gripe, catarro, tosse.

 

Vermes.

Gripe.

Gripe, tosse.

Gripe, friagem, lombriga.

Gripe, tosse.

 

Gripe, cólica de fígado.

29. Poejo

(Ver 28, 38, 54, limão- qualquer e 56)

 

 

 

 

 

Fo

 

 

 

 

 

Rm

 

PT

Dc

 

Dc c/ melhoral infantil ou anador

Dc c/ mel e açúcar queimado

Dc

Xr

Dc

VO

 

VO (crianças)

 

VO

 

VO
VO (frio)

VO

Gripe, tosse, lombriga, catapora, calmante, dor de barriga, reumatismo.

Gripe.

 

Bronquite.

 

Bronquite.

Gripe.

Bronquite e asma.

30. Alecrim

Rm

 

Fo secas

Dc

 

Tr em chapa

Bh

VO

Il (fumaça)

Dor de dente.

Coração, dores em geral.

Catarro.

31.Atroveram

Fo

Dc s/ açúcar

VO

Má digestão de comida gordurosa.

32. Abacate

Fo

 

 

Se

Dc

Dc c/ milho (Es) e quebra-pedra (PT)

Cr em álcool

VO
VO

 

Fc

Pressão alta, pedra no rim, dor de estômago.

Pedra no rim.

 

Dor reumática e na coluna, varizes.

33. Feijão-guando

Fo

Dc

Ap (via vaginal)

Inflamação ou ferida no útero.

34. Fumo-bravo

Fo

Dc

VO

Pedra no rim.

35. Jatobá

(Ver 45)

Fr

Xr: Cascas cozidas até amolecer; coar e adoçar

VO

Tosse, bronquite.

36. Tamarindo

Fr

Ge

Su

VO - 2 vezes/dia

VO - 2 vezes/dia

Intestino preso, gases intestinais.

Intestino preso, gases intestinais.

37. Cebola

Bu

Cortar, juntar açúcar ou mel; usar o líquido formado

VO

Tosse.

38. Alho

Bu

(dentes)

2, fervidos em leite

 

1 ou 2; Dc c/ açúcar

3; Dc c/ hortelã e poejo (Br) benzidos

BA ou Ap (via anal)

VO

VO frio (crianças)- 3 goles/dia

Expelir oxiúros.

 

Gripe.

Vermes, tirar susto.

39. Pitanga

Fo

Dc

VO

Hemorragia.

40. Jabuticaba

Fr

Dc das cascas

VO

Prender intestino.

41. Goiaba

Fo/Br/Rz

Dc

VO

Dor de dente, diarréia.

42. Figo (Ver 45)

Fo

Xr

VO

Tosse.

43. Carambola

Fo

Dc s/ açúcar

VO

Diabetes, emagrecer.

44. Maracujá

Fo

Dc

VO

Calmante, insônia.

45. Avenca

Rm

Dc

Xr c/ mamão(Fl), jatobá (Fr) e figo (Fo)

VO

VO

Regras atrasadas.

Tosse.

46. Romã

Fo

 

Fo e Fr

Dc

 

Dc

VO

VO e Ga

VO

Dor no peito.

Dor de garganta.

Dor de barriga.

47. Pêssego

Fo

Dc

Fc

Micose.

48. Rosa-branca

Fl

Dc

Bn frio (olhos)

Olho irritado, dor d’olhos.

49. Rosa

Fl

Dc

VO

Soltar intestino.

50. Café-de-bugre

Fo

Dc

VO

BA

Afinar o sangue.

Hemorróidas.

51 Laranja (ver 2 e 23)

Fo e Fr

Dc

VO

Gripe, tosse com rouquidão.

52. Lima-Pérsia

Fo

Dc

VO

Limpar urina.

 

53. Limão galego

Fr

3. Dc c/ mel

VO frio (à noite)

Gripe.

 

Fr

Xr

Su c/ maizena

VO (frio)

VO

Gripe, tosse, febre.

Diarréia.

54. Limão-cravo

Fr

1; Xr c/ poejo (Rm)

 

Xr

VO - 1 colher/ qualquer hora

VO

Tosse.

 

Gripe.

55. Limão-Taiti

(Ver28)

Fr

Ferver c/ pinga, mel e açúcar queimado; coar

Su c/ maisena

VO

 

VO

Bronquite.

 

Diarréia.

Limão-qualquer

(Ver 60)

Fr

(Su) 2 ou 3 gotas no café puro

Xr c/ mel e poejo

VO

 

VO

Gripe.

 

Tosse, catarro.

56. Arruda

Rm

Ft c/ Fo de hortelã e poejo

Dc

Cr em água (ao sereno)

Fc (barriga)

 

BA

Bn (olhos)

"Mal de simioto" (b).

 

Mulher em dieta.

Irritação nos olhos.

57. Trombeta

Fl

 

Fo

Dc

 

Espalhar azeite quente sobre

BA e Ap (via vaginal)

So

Inflamação no útero.

 

Caxumba.

58. Jiló

Fr

9; Cr em álcool

Fc

Dor, contusão.

59. Erva-doce

 

 

Fo / Se secas

Fo

Dc

 

Dc c/ gengibre

VO

 

VO - 1 cálice/dia

Dor de estômago e barriga, gases, prisão de ventre.

Dor, friagem, gripe.

60. Cambará

Fl / Fo

Dc c/ casca de limão qualquer

VO - 3 a 4 colheres/dia

Tosse, bronquite, catarro.

61. Melissa

Fo

Dc

VO

Calmante, gripe, nevralgia, coração, circulação, sistema nervoso.

62. Gengibre

(Ver 59)

Ri

Dc c/ Fo de erva-cidreira

Flambar c/ álcool; usar o líquido formado

VO (à noite)

 

VO

Gripe, friagem, dor.

 

Gripe.

63. Cana-do-brejo

Fo

Dc

VO - 1 copo várias vezes/dia

Diurético.

64. Boldo-brasileiro

Fo

Mc e Cr em água

Dc

VO
VO

Dor no fígado.

Dor no fígado.

65. Taperaba

Fl

Dc

VO - 1 xícara/dia e BA

Infeção no útero e no resto do corpo.

66. Amora

Rz

Ferver em 2 litros d’água, até que sobre 1 litro

VO (gelado) - aos poucos durante o dia

Diabetes.

67. Embaúba-branca

Fo

Xr com açúcar

VO

Bronquite, asma.

68. Erva-de-bicho

Fo

Dc

VO

Pneumonia.

69. Espirradeira-branca

Fl

Cr em álcool

Fc

Machucado, contusão.

70. Taróba

Fo

Dc

VO

Dor de estômago.

(a) inflamação embaixo da unha

(b) pêlos pelo corpo, principalmente na região da barriga

Obs.: Nas preparações, quando não indicado, o uso do açúcar nos chás, xaropes, decoto etc. é indiferente.

Abreviações: Parte usada: Fo = folhas, Fr = frutos, Fl = flores, Rm = ramos, Rz = raízes, PT = planta toda, Se = sementes, Bu = bulbos, Ca = caules, Ri = rizomas, Br = brotos, Es = estigmas, In = infrutescência, "Ta" = "talo" (parte da folha mais próxima do caule). Modo de preparo: If = infusão, Dc = decoto, Su = suco, Tt = tintura, Cr = curtido, Xr = xarope, Nt = ao natural, Tr = torrado, Ft = frito, Mc = macerado, Sm = extrair o sumo, Ge = geleia. Rota de administração: VO = via oral, Bn = banho, BA = banho de assento, So = sobrepor ao local afetado, Fc = friccionar, Ap = aplicar com auxílio de seringa, Lv = lavar, BL = batido no liqüidificador, Bh = bochechos, Il = inalar, Ga = gargarejou

 

A parte da planta mais utilizada é a aérea, principalmente as folhas (49,5%), seguidas de frutos (11,3%) e flores (10,1%). Outras partes, como ramos, raízes, sementes, bulbos e outras, somam 29,1%.

O principal modo de preparo é o chá (50,9%), seguido dos xaropes (12,9%).

Plantas como a hortelã e o poejo foram citadas para o tratamento de 14 tipos de doença cada uma. O Confrei e a erva-cidreira, também bastante usados, foram indicados, respectivamente, para 10 e 9 moléstias diferentes.

Os entrevistados, via de regra, não praticam uma posologia formal ao utilizar remédios caseiros. Poucas pessoas indicam dosagem específica para esses medicamentos, sendo comum ouvir-se dizer "toma quanto quiser pois, se não faz bem, mal não faz".

Este comportamento torna-se perigoso, pois há substâncias tóxicas em algumas espécies vegetais que podem causar efeito maligno, conforme a dosagem ingerida ou o uso continuado. Esse é o caso, por exemplo, dos alcalóides pirrolizidínicos altamente hepatotóxicos, encontrados no Confrei. Um desses compostos, a lasiocarpina, administrada em doses de apenas 50ppm na dieta de roedores, produziu células cancerosas nos fígados dos animais (9).

A confiança nos efeitos de cura das preparações caseiras é inconstante, o que leva os entrevistados a utilizar medicamentos industrializados por conta própria ou a procurar orientação médica. Porém, nem todas as enfermidades levam os moradores de Ferraz a fazer uma consulta ao médico. Segundo os entrevistados, as doenças são divididas em "simples" e "graves".

As doenças consideradas mais simples e fáceis de tratar são, muitas vezes, curadas sem ajuda médica ou com ajuda de farmacêuticos. Foram registrados 40 casos dessas enfermidades (Figura 2), dos quais 32 (80%) correspondem a afeções do aparelho respiratório (gripe e tosse) e os 8 (20%) restantes são representados por casos como catapora e diarréia, entre outros.

 

 

 

Caseiro

 

Industrial

 

 

Ambos

 

 

 

 

 

 

Figura 2: Doenças mais simples e tipo de medicamento utilizado no distrito de Ferraz, município de Rio Claro, SP.

 

Desses 40 casos, 10 foram tratados apenas com remédios caseiros (22%), 18 com remédios industrializados (45%) e 12 empregando ambos os tipos de remédios (34%). Assim, mesmo não havendo farmácia na vila, tem-se que 45% do total de casos de doenças mais simples foram tratados somente com remédios industrializados.

A auto medicação foi praticada em 75% desses episódios de doença. Em várias ocasiões, o paciente utilizou medicamentos anteriormente receitados a ele próprio ou a terceiros (parentes ou amigos). Nenhum caso ficou sem tratamento.

As doenças mais graves ou operações não são tratadas tão informalmente. Para esses males, os remédios caseiros são utilizados somente em conjunto com os industrializados (Figura 3).

Vê-se que, dos 67 casos registrados, 66 (98,5%) foram tratados com auxílio especializado, havendo apenas um caso (1,5%) de auto medicação: dor nas costas, tratada com ambos os tipos de remédio.

As doenças mais graves afetam principalmente o sistema digestivo (18 casos, 26,8%), seguido pelo sistema cardiovascular (14 casos, 20,9%).

 

 

Industrial

 

Ambos

 

 

Sem trata mento

 

 

 

 

 

 

 

Figura 3: Doenças mais graves ou operações e tipo de medicamento utilizado, no distrito de Ferraz, município de Rio Claro, SP.

 

Para avaliar a importância relativa de uma planta quanto ao número de informantes que a citou e à concordância dos usos citados, definiu-se sua porcentagem de concordância quanto aos usos principais (CUP), como apresentada a seguir. Este procedimento citado na literatura (5), foi modificado, posteriormente, por outros autores (1):

 

CUP = NF x FC, onde:

 

NF = (nível de fidelidade) é dado pelo número de informantes que citaram os usos principais (ICUP) sobre o número de informantes que citaram o uso da espécie (ICUE), multiplicado por 100.

 

Assim, NF = ICUP / ICUE x 100.

 

FC = (fator de correção) é o número de informantes que citaram a espécie (ICUE) sobre o número de informantes que citaram a espécie mais citada (poejo, com 20 citações).

 

Assim, FC = ICUE / 20.

 

A Tabela 3 apresenta a porcentagem de concordância quanto aos usos principais (CUP) das espécies que foram citadas por mais de 3 informantes.

 

Tabela 3: Porcentagem de concordância quanto aos usos principais.

Nome vulgarICUP

ICUE

UC

NF

FC

CUP

 

 

Erva-cidreira

Calmante

16

19

9

84,2

0,95

80

Hortelã

Gripe

11

19

14

57,8

0,95

55

Poejo

gripe

10

20

14

50

1,0

50

Melissa

calmante

8

8

6

100

0,4

40

Erva-doce

dor de barriga (gases)

6

8

4

75

0,4

30

Goiaba

Dor de barriga

6

6

2

100

0,3

30

Losna

Dor de estômago

6

7

6

85,7

0,35

30

Sabugueiro

sarampo

6

7

5

85,7

0,35

30

Bálsamo

cicatrizante

5

5

3

100

0,25

25

Boldo-do-Chile

dor de estômago e fígado

5

6

2

83,3

0,3

25

Mamão-macho

tosse

5

6

3

83,3

0,3

25

Abacate

diurético

4

7

7

57,1

0,35

20

Carqueja

dor de estômago e fígado

4

9

8

44,4

0,45

20

Limão-galego

gripe

4

5

6

80

0,25

20

Rubim

Contusão/ torção

4

4

2

100

0,2

20

Alho

vermes

3

4

3

75

0,2

15

Limão-cravo

tosse

3

4

4

75

0,2

15

Limão-Taiti

tosse

3

5

5

60

0,25

15

Camomila

Dor de barriga

2

5

8

40

0,25

10

Confrei

Reumatismo /gripe

2

7

10

28,5

0,35

10

O procedimento utilizado para encontrar o número de usos principais foi o seguinte: espécie a usada para curar a doença a = 1 evento, espécie a + espécie b usadas para curar doença a = 1 evento

Abreviações: UP = usos principais, ICUP = no de informantes citando usos principais, ICUE = no de informantes citando o uso da espécie, UC = no de usos citados, NF = nível de fidelidade, FC = fator de correção, CUP = porcentagem de concordância quanto aos usos principais.

 

Nota-se que apenas 3 das 20 espécies citadas, apresentam CUP maior ou igual a 50%, o que provavelmente esteja indicando a diminuição da popularidade do uso de plantas medicinais nessa comunidade.

A erva-cidreira, apresentando a CUP mais alta, é usada, principalmente, como calmante. Essa utilização não tem relação com doenças do sistema nervoso, que foram citadas em apenas 3% dos casos.

Esse comportamento parece estar indicando que seu uso está ligado mais a dissabores cotidianos, que escapam da classificação de doença, que, propriamente, a uma disfunção ou mal.

A concordância quanto aos usos principais (CUP) obtida por hortelã e poejo, acima de 50%, explica-se pelo fato de serem essas as plantas mais usadas para tratar as afeções do sistema respiratório enquadradas como mais simples, justamente a categoria de doença em que mais se empregam as plantas medicinais.

Porém, deve-se considerar que o tamanho da amostra pode influenciar a CUP. Isso fica evidenciado quando se observam os valores de nível de fidelidade apresentados por melissa, goiaba, bálsamo e rubim, todos de 100%. Essas espécies, entretanto, mostram CUP abaixo de 50%, uma vez que o fator de correção utilizado as compara com a planta mais citada. O nível de fidelidade dessas plantas indica uma forte consistência cultural de uso.

O oposto é observado no caso do confrei, que apresenta baixo nível de fidelidade. No período em que as entrevistas foram realizadas, essa planta era considerada uma panacéia, sendo utilizada para o tratamento de várias doenças. Porém, seus usos só foram coincidentes em duas ocasiões (Tabela 3).

Os mais velhos mostraram conhecer melhor os usos terapêuticos das plantas. Em média, as pessoas com idade até 40 anos citaram 5,4 plantas, contra 8,6 citadas pelos que têm acima de 40 anos. Os valores de CUP para as mesmas plantas enfocadas anteriormente, separadas agora para essas faixas etárias (Tabela 4) evidenciam que, para a maioria dos casos, as citações dos mais velhos mostram uma maior consistência cultural de usos: os índices para erva-cidreira, hortelã e poejo estão bem acima dos anteriormente obtidos, assim como para o sabugueiro, que apresentou CUP maior que 50%. Para a faixa até 40 anos, só a erva-cidreira e a erva-doce obtiveram CUP acima de 50%, apontando para uma diluição de concordância de usos.

Também aqui o tamanho da amostra pode influenciar o índice obtido, já que, possivelmente, os valores de CUP apresentados poderiam ser diferentes se mais informantes tivessem sido entrevistados.

  

Tabela 4: Valores de CUP para as plantas já enfocadas, segundo as faixas etárias indicadas.

Nome vulgar

 

Até 40 anos

 

 

Mais de 40 anos

 

 

NF

FC

CUP

NF

FC

CUP

Erva-cidreira

75

0,89

67

91

1

91

Hortelã

25

0,89

22

82

1

82

Poejo

22

1

22

73

1

73

Melissa

100

0,33

33

100

0,45

45

Erva-doce

83,3

0,66

55

50

0,18

9

Goiaba

100

0,33

33

100

0,27

27

Losna

100

0,11

11

83,3

0,54

45

Sabugueiro

0

0,11

0

100

0,54

54

Bálsamo

100

0,22

22

100

0,27

27

Boldo-do-Chile

100

0,22

22

75

0,36

27

Mamão-macho

100

0,22

22

75

0,36

27

Abacate

75

0,44

33

33,3

0,27

9

Carqueja

33,3

0,33

11

50

0,54

27

Limão-galego

50

0,22

11

100

0,27

27

Rubim

100

0,11

11

100

0,27

27

Alho

50

0,22

11

100

0,18

18

Limão-cravo

100

0,22

22

50

0,18

9

Limão-Taiti

50

0,22

11

66,6

0,27

18

Camomila

0

0,22

0

66,6

0,27

18

Confrei

0

0,22

0

40

0,45

18

Obs.: Os usos principais foram considerados os mesmos apresentados na Tabela 6.

 

CONCLUSÕES

 

A população enfocada mostrou conhecer plantas medicinais, seus modos de preparo e utilização, empregando-as preferencialmente para o tratamento de doenças consideradas mais simples de tratar. Mesmo assim, nessa classe de enfermidades, ocorre a maior incidência de automedicação com medicamentos industrializados.

A posologia, quando da utilização dos remédios caseiros elaborados à base de plantas, é praticada, na maioria das vezes, informalmente, o que pode se tornar perigoso, dada a toxicidade de algumas plantas.

Os mais velhos citaram 1,6 vezes mais plantas e a consistência cultural de uso das espécies citadas por eles é maior que a das citadas pelos mais jovens.

Os resultados apontam para uma tendência ao desuso das plantas medicinais pela população estudada e para a necessidade de sua conscientização quanto aos perigos do uso indiscriminado de espécies vegetais. Diante disso, pode-se concluir pela necessidade do desenvolvimento de campanhas educacionais, que incentivem a utilização segura dessa alternativa importante de tratar doenças.

 

AGRADECIMENTOS

 

Agradecemos ao CNPq pelo apoio financeiro que possibilitou a realização deste trabalho; a Valnice T. Rampin e ao povo de Ferraz que sempre nos acolheu tão bem.

 


ABSTRACT

 

Popular Medicine in district of Ferraz, Rio Claro county, São Paulo State. Aiming at recording how much a population with no immediate access to public health system uses medicinal plants, which plants are used and in which disease situations, a survey was carried out in Ferraz, a district situated 15Km north from county of Rio Claro. Such district has no hospital, first aid station or drugstore facilities. The following information was focused: socio-economic background, plant utilization and preparation methods, diseases and medical advises. Information was gathered between February and October 1988, by interviewing people in 30% of the households. Botanical material was collected, identified and set down in Herbarium Rioclarense. The population studied is characterized by low income, a relatively high proportion of illiteracy and of older people. 70 plant species were reported for medicinal purposes. Leafs are the most used plant part and decoction is the main preparation method. A few people have indicated specific dosage. Self-medication is very common in the case of trivial diseases, mostly using medicinal plants and industrialized remedies as well. The situation is otherwise in the case of serious illnesses or surgical procedures, where a doctor is always consulted. Ferraz population has shown to hold some knowledge about medicinal plants, especially among older people. But this research suggests that the knowledge is falling out of use and it follows that education efforts are needed to show this people how to safety use medicinal plants.

 

Key words: Ethnobotany; medicinal plants; phytotherapy.


 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

  1. Amorozo, M.C.M., Gély, A. Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Barcarena, PA, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica, 4:47-131, 1988.
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  3. Di Stasi, L. C.; Hiruma, C.A.; Guimarães, E. M. ; Santos, C. M. Medicinal plants popularly used in Brasilian amazon, Fiterapia , lXV:529-540, 1994.
  4. Elizabetsky, E. Pesquisas em plantas medicinais. Ciência e Cultura (Informe especial), 39: 697-702. 1987.
  5. Friedman, J., Yaniv, Z., Dafni, A., Pale-Witch, D.A. A preliminary classification of the healing potential of medicinal plants, based on a rational analysis of in ethnopharmacology field survey among Bedouins in the Negev desert, Israel. Journal of Ethnopharmacology, 16: 275-287. 1986.
  6. Loyola, M.A. Rezas e curas de corpo e de alma. Ciência Hoje, 6:34-43. 1987.
  7. Ming, L. C. Etnobotânica de plantas medicinais na Reserva Extrativista "Chico Mendes"- Acre. In: Workshop De Plantas Medicinais De Botucatu, Botucatu, 1996. p.72.
  8. Mors, W. 1982. Plantas medicinais. Ciência Hoje, 1:14-19. 1982.
  9. Tyler, V. E., Brady, L. R., Robbers, J. E. Pharmacognosy. 9a Ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1988, 519p.