ARTIGOS

I Fórum de Debates

ECOLOGIA DA PAISAGEM E PLANEJAMENTO AMBIENTAL

 

ÁREAS DE RISCO NA PAISAGEM DA BRASILÂNDIA- SP

Sob a perspectiva da ecologia da paisagem

SILVA, Márcia A .da 1, CAVALHEIRO, Felisberto 2

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia Física/USP

2 Professor Doutor do Departamento de Geografia/USP

 

INTRODUÇÃO

A Brasilândia é um distrito que pertence à região administrativa da Freguesia do Ó, que por sua vez, encontra-se ao norte do município de São Paulo (Figura 1). Nesta região, vales e colinas formam um mosaico resultante a interface entre a bacia sedimentar de origem Terciária e o relevo cristalino do Planalto Atlântico do Pré-Cambriano. Neste conjunto, projetam-se construções de variados padrões, predominando aquelas relativas à auto-construção. A forma desordenada pela qual ocorreu essa ocupação demostra pouco interesse pelos aspectos geoecológicos da área. Essa situação somada às características do sítio urbano, proporcionaram freqüentes incidentes concernentes à enchentes e movimentos de blocos rochosos. Dessa maneira, o objetivo deste trabalho, caminha no sentido de correlacionar as informações de origem técnica como a caracterização do meio biofísico e na seqüência, mostrar o processo de ocupação que deu origem à diferentes paisagens da Brasilândia, enfatizando os problemas advindos desse processo os quais implicaram no prejuízo das qualidades de vida e do ambiente.

 

 

 

FIGURA 1 - Localização do Distrito da Brasilândia

Org. SILVA,M. A .

Fonte: Sempla- Departamento de Informações e Sistema deInformações Cartográficas, 1993

 

METODOLOGIA

As informações sobre a região foram obtidas por meio de dados secundários, encontrados na Administração Regional da Freguesia do Ó e na Secretaria de Planejamento do Município (Sempla), onde foram consultados os dados quantitativos e aqueles referentes à localização das favelas e das áreas de risco mapeadas pela regional . Já a pesquisa de campo, possibilitou a verificação das informações e compreensão da dinâmica de sua ocupação pela análise dos elementos da paisagem. Foi utilizada a investigação do meio biofísico e a correlação dos seus elementos para caracterizar a área de estudo nos aspectos referentes à: geomorfologia, hidrografia, vegetação natural e uso do solo.

O suporte à essa investigação foi fornecido pelo material cartográfico e fotográfico referentes aos mapas topográficos em escala 1:10.0000 ( Sempla 1985), 1:5.000 (Sara Brasil, 1930) e 1:2.000 (VASP, 1952) e de fotografias aéreas de 1962 em escala de 1:25.000 e 1986 em escala de 1:10.000. O uso de mapas em diferentes escalas permite uma visão do conjunto quando se trata da morfologia e ao mesmo tempo, contribui para detalhar os arranjos criados pela forma de ocupação da região. Com base na correlação das informações do meio físico foi elaborado um mapa que destaca as unidades homogêneas, ou seja, as unidades da paisagem urbana do distrito da Brasliândia. Estes procedimentos estão descritos no trabalho de MONTEIRO (1995).

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado parcial desse trabalho é apresentado um mapa com as seguintes informações: compartimentação altimétrica, áreas de risco e localização das favelas. (Figura 2).O mapeamento mostrou que predominam na região as altitudes entre 750 a 950 metros, sendo que em direção ao norte, as altitudes elevam-se, superando os 1000 metros, trata-se de um relevo de morros baixos e altas colinas constituídas por terrenos graníticos e xistosos que formam um conjunto de formas vinculados à Serra da Cantareira.

 

 FIGURA 2- Mapa altimétrico, áreas de risco e favelas

Org.: SILVA, M. A .

Fonte: Base cartográfica: Levantamento planialtimétrico Emplasa Escala 1:25.000 de 1981; Secreataria de Habitação e Desenvolvimento Urbano-SEHAB,1987

 

Inúmeros córregos cortam os vales entre esses morros e colinas, apresentando um padrão de drenagem dendrítico ou ramificado com canais de pequenas extensões e que se seguem o fluxo normal do deflúvio escavando o terreno cristalino. No entanto, um tipo de padrão convergente apresenta-se na porção central da região e corresponde à uma área deprimida entre as colinas da pré-serra, onde ocorrem inundações periódicas. As habitações originadas por auto-contruções estão localizadas à meia encosta e nos fundos de vales sujeitos, ocupando também os terrenos públicos. É possível perceber que a localização desse tipo de habitação, incluindo as favelas ocorreu em locais geotecnicamente problemáticos. Segundo SILVA (1997),os movimentos de massa, associados ao embasamento cristalinos, mais freqüentes correspondem à queda e rolamento de blocos e matacões. São localizados nos maciços de gnaisse e granitos. As características desses maciços, em geral compostos por solos homogêneos, arenosos com matacões e blocos rochosos em superfície ou imersos, possibilitam a ocorrência de instabilizações do tipo queda ou rolamentos. Essa situação pode ser desencadeada pelo descalçamento desses blocos e matacões por erosão junto à base ou pela execução de cortes que causam a exposição dos mesmos. De fato, constata-se por toda a região, afloramentos graníticos que são muitas vezes, utilizados pela própria população como escora de suas casas, e ainda, o registro de cortes que deram lugar às inúmeras vielas cruzam as vertentes no sentido longitudinal provocando o escoamento concentrado da água e induzindo sua instabilidade. Os córregos, alguns a céu aberto, não comportam o volume da água nos períodos de chuva, o transbordamento e inundação das margens ocupadas geram uma série de problemas que afetam a população local.

 

BIBLIOGRAFIA

MONTEIRO, Carlos Augusto de F. –Geossistema, a Estória de uma Procura-texto, 1995

SEMPLA-Secretaria Muncipal de Planejamento doMuncípio de São Paulo, Relatório BDP-Base de Dados para Planejamento, 1993

SILVA,Vera Cristina R. da – Gerenciamento de riscos de escorregamentos-Discussão para a implantação deu um plano preventivo de Defesa Civil no município de São Paulo- Dissestação de Mestrado,1997