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INDICADORES DE ARBORIZAÇÃO URBANA DA CIDADE DE SÃO CARLOS (SP) COM O USO DO SIG-IDRISI

Carlos Henke Oliveira, José Eduardo dos Santos, José Salatiel R. Pires

Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais - UFSCar

Via Washington Luis km 235, C.P. 676, CEP 13565-905 São Carlos, S.P., Brasil

RESUMO

Com base na densidade populacional foram determinados alguns indicadores de áreas verdes públicas, referentes ao percentual de áreas verdes (PAV) e ao índice de áreas verdes (IAV), como subsídio ao planejamento da arborização urbana da cidade de São Carlos (SP). O Sistema de Informações Geográficas - IDRISI proporcionou a estrutura para o desenvolvimento aplicativo dos modelos operacionais específicos. Os resultados obtidos evidenciaram que as áreas verdes públicas compreendem 2,07% da área urbana total da cidade de São Carlos, com um IAV equivalente a 2,65m2/habitante. O IAV determinado foi comparado com os de outras cidades brasileiras, e discutido em função do significado do mesmo com relação a qualidade ambiental e de vida do núcleo urbano.

Palavras-chave : indicadores de áreas verdes, planejamento ambiental, SIG-IDRISI.


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INTRODUÇÃO

O diagnóstico da arborização urbana tem sido realizado de formas variadas, envolvendo estudos relacionados : ao cadastramento de árvores para elaboração de banco de dados informatizados; a avaliação das condições fito-sanitárias da vegetação urbana, bem como aqueles voltados à avaliação do perfil de usuários, aspectos perceptivos e pesquisa de opinião pública sobre a arborização urbana. Neste contexto, a quantificação da arborização urbana tem sido realizada através de indicadores, dependentes e independentes da demografia, expressos respectivamente em termos de superfície de área verde/habitante (Índice de Áreas Verdes) ou percentual do solo ocupado pela arborização (Percentual de Áreas Verdes). No entanto, estudos que avaliam a distribuição da vegetação na malha urbana têm encontrado dificuldades, devido a escassez de metodologias no campo do geoprocessamento. O uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) e de sistemas CAD (Computer Aided/Assisted Design), (13, 8, 19, 5) tem sido insuficiente, e em sua maioria restrito ao cadastramento de árvores urbanas, não derivando necessariamente nos aspectos quantitativos da arborização. O desenvolvimento de técnicas computacionais que contemplem simultaneamente a diferenciação estrutural e funcional da arborização urbana, torna-se extremamente importante por conferir um certo dinamismo ao planejamento ambiental e em possibilitar o diagnóstico e prognóstico para o manejo efetivo da arborização urbana, como também dos demais elementos urbanos associados à qualidade ambiental e de vida.

 

Este estudo teve como objetivo a determinação de indicadores sócio-ambientais, relacionados ao Índice de Áreas Verdes (IAV) e Percentual de Áreas Verdes (PAV), pelo desenvolvimento e aplicação de técnicas de geoprocessamento, visando analisar aspectos da qualidade ambiental e de vida, no fornecimento de subsídios para o planejamento da arborização urbana da cidade de São Carlos.

MATERIAL E MÉTODOS

O Município de São Carlos está localizado na região central do Estado de São Paulo entre as coordenadas 47o30' e 48o30' Longitude Oeste e 21o30' e 22o30' Latitude Sul. A população total é 167.777 habitantes, dos quais 93,80% são de assentamento urbano (14). O clima é classificado como úmido subtropical (28) ou mesotérmico brando (24), com verão quente e úmido, de outubro a março, e inverno seco, de abril a setembro.

As áreas verdes públicas são representadas por 45 praças cujas espécies vegetais mais freqüentes são flamboyant (Delonix regia), sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), falsa- murta (Murraya paniculata), Ficus benjamina, palmeira-imperial (Roystonia regia e Roystonia oleraceae), gerivá (Syagrus romanzoffiana), palmeira-murcha (Latanea sp), unha- de-vaca (Bauhinia variegata) (12).

O Sistema de Informações Geográficas (SIG))-IDRISI Versão 4.1 forneceu suporte para o geoprocessamento. A base cartográfica foi composta pelas cartas do IGC (Instituto de Geografia e Cartografia, folhas 054/085, 054/086, 055/085, 055/086, 056/085 e 056/086), em escala 1:10.000 e a planta de São Carlos da Prefeitura Municipal, em escala 1:12.500. A cidade foi dividida em 10 Unidades de Gerenciamento (UGs) representadas por bacias hidrográficas ou parte destas. As UGs foram subdivididas em 44 Setores, sendo considerados tanto os acidentes naturais (cursos d'água de pequena ordem e divisores de água), como os culturais (estradas, principais vias de tráfego e limites entre loteamentos com distintos padrões sócio- econômicos). Todas as áreas públicas do núcleo urbano foram digitalizadas através das cartas disponíveis, incluindo: as áreas verdes de uso coletivo (praças e jardins); as áreas verdes sem condições para visitação por falta de infra-estrutura ou qualquer outro tipo de limitação; o verde de acompanhamento viário (canteiros centrais e rotatórias); os terrenos baldios; as áreas de interesse legal (regiões ribeirinhas e próximas às encostas e às nascentes) e os equipamentos institucionais (escolas, creches e postos de saúde) arborizados ou não. O processo de digitalização incluiu aínda os cursos d'água, represas, nascentes e a topografia; informações fundamentais ao manejo adequado das áreas públicas diante da legislação ambiental brasileira e local.

A densidade populacional foi obtida por meio de um Modelo Georeferenciado para Estimativa de Densidade Populacional (MGDP), baseado na correlação entre a densidade de demanda de energia elétrica urbana e a densidade populacional (25).

A densidade de áreas verdes (m2 de área verde por m2 de área urbanizada), considerada um parâmetro intermediário, foi calculada pela razão entre a superfície total de áreas verdes contidas nas UGs e as superfícies das mesmas. O PAV eqüivale a um valor 100 vezes superior a este parâmetro e foi calculado considerando todas as categorias de áreas verdes públicas, incluindo aquelas sem uso coletivo direto. Não foram consideradas as áreas públicas não arborizadas.

Para a estimativa do IAV foram consideradas apenas as áreas verdes de uso coletivo, representadas pelas áreas públicas arborizadas cuja estrutura permita a sua utilização direta pela população em atividades de descanso e lazer

 

ao ar livre, ignorando portanto as demais categorias. Esta adaptação tem sua justificativa no fato do IAV ser um parâmetro dependente da densidade populacional e, sobretudo, um indicador de qualidade de vida. Além disso, considerando-se que a população assentada em regiões distantes das áreas verdes não usufrui efetivamente dos benefícios da arborização pública, foram excluídas as regiões distantes mais de 1.000 metros das áreas verdes de uso coletivo. Neste contexto, as estimativas foram conduzidas pelo uso dos Setores, e não das UGs, representando uma escala mais detalhada para o planejamento urbano. O valor de densidade de áreas verdes (m2/Km2) obtido foi dividido pelo valor da densidade populacional (habitantes/Km2), resultando no valor final de IAV (m2 de área verde/habitante).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de digitalização gerou um banco de dados georeferenciados com várias informações temáticas disponíveis para o monitoramento contínuo e consulta sobre diversos parâmetros básicos como superfície, perímetro, forma e localização das áreas públicas, das UGs e dos Setores. O banco de dados também permite a análise das relações entre informações temáticas, como a disposição das áreas públicas frente aos acidentes naturais (hidrografia e topografia), possibilitando o manejo adequado dos elementos urbanos diante da legislação ambiental e dos riscos de inundação, deslizamento e poluição dos recursos hídricos.

Foram identificadas 582 áreas públicas na cidade de São Carlos, 140 correspondentes as áreas verdes, das quais apenas 44 são de uso coletivo, representadas por praças e jardins. As Figuras 1, 2 e 3 mostram respectivamente os valores de Densidade Populacional (DP), Percentual de Áreas Verdes (PAV) e Índice de Áreas Verdes (IAV) da cidade de São Carlos.

O PAV variou entre 0,0 e 18,4%. A área de estudo com 4.119ha urbanizados, totalizou 139,5ha de verde de acompanhamento viário, praças, parques e bosques, áreas de interesse legal e remanescentes vegetais de porte arbóreo e arbustivo (áreas verdes potencialmente coletivas e inacessíveis). Entretanto, como apenas 85,7ha estão situados em área urbanizada, o PAV médio para São Carlos totalizou 2,46%.

Os valores de IAV para São Carlos variaram entre 0,37 e 10,59m2/hab. Com 28,53ha de áreas verdes coletivas a cidade de São Carlos apresenta um IAV médio de 2,65m2/hab.

Figura 1: Densidade Populacional (DP), hidrografia e elementos (landmarks) estruturais marcantes da cidade de São Carlos, SP (1996).

Figura 2: Percentual de Áreas Verdes (PAV) para a cidade de São Carlos, SP (1996).

Figura 3: Índice de Áreas Verdes (IAV - m2 área verde / habitante) para a cidade de São Carlos (1996).

A interpretação conjunta do IAV e do PAV mostra que para determinados Setores urbanos há uma relação inversa entre os dois parâmetros. Áreas com valores de PAV inferiores a 2%, apresentam maiores valores de IAV, geralmente acima de 3m2/hab, até mesmo próximos a 12 m2/hab; enquanto que, áreas com PAV acima de 4%, os valores de IAV foram inferiores a 1m2/hab. Os Setores à oeste da Avenida São Carlos (principal eixo viário que atravessa o centro da cidade no sentido norte-sul) apresentaram os maiores valores de IAV, geralmente acima de 5m2/hab, associados a dois aspectos básicos : a) maior concentração de praças na região central da cidade e, b) densidade populacional relativamente baixa em alguns setores urbanos, em decorrência do pequeno número de edifícios residenciais ou devido ao padrão de ocupação residencial da classe média em lotes maiores e presença de fundos de quintal. Embora algumas das praças mais importantes da cidade (Santa Cruz, Paulino Botelho, Voluntários) estejam dispostas ao longo do eixo da Avenida São Carlos, a maior densidade populacional em alguns setores centrais confere um IAV inferior a 4m2/hab., principalmente a leste da mesma.

A Constituição Paulista (22) e a Lei Orgânica de São Carlos dispõem sobre o estabelecimento de índices mínimos de cobertura vegetal internacionalmente aceitos. A questão controvertida da categorização e definição de áreas verdes adotadas por vários autores brasileiros, torna ainda mais complexa uma avaliação do que pode ser considerado "índice mínimo" de cobertura vegetal em regiões urbanas. A Associação Nacional de Recreação dos EUA sugeriu que os valores de IAV devem estar entre 28 e 40m2 / hab. (21). Uma compilação de informações apresentadas no Manual de Arborização (23) sugere que os valores de IAV devam estar entre 13m2 / hab nas áreas mais adensadas e 12m2/hab nas áreas menos populosas, propondo ainda que para cada 50.000 habitantes deve haver um parque, ao menos, com 40 hectares, o que determina um IAV em torno de 8m2/hab. A OMS sugere um valor de 9m2 / habitante, a ser adotado como base para o desenvolvimento urbano na América Latina e no Caribe (15). A utilização de um valor mínimo de IAV de 12m2 / hab atribuído à OMS, trata-se provavelmente de uma adaptação efetuada por vários autores brasileiros (4).

Os trabalhos de avaliação quantitativa para estimar índices e percentuais de áreas verdes estão restritos a poucas cidades brasileiras e freqüentemente de difícil comparação devido à falta de clareza nas terminologias empregadas. Há exemplos que se utilizam do termo "Índice de Espaços Livres" (4), como forma alternativa de contornar o problema da falta de uma definição amplamente aceita para áreas verdes. A Tabela 1 apresenta uma compilação dos valores de IAV e IAL (Índice de Áreas Livres) obtidos para diversas cidades brasileiras, como forma de estabelecer uma relação entre os IAVs diagnosticados para São Carlos e outras cidades. A inexistência de um conceito amplamente aceito de áreas verdes, as diferenças nos métodos para estimativa de IAV e a própria indefinição sobre o significado real deste parâmetro no Brasil, dificulta a comparação das informações geradas para São Carlos com outras cidades brasileiras. Na perspectiva de tornar os dados comparáveis, as áreas dos campi universitários de São Carlos (Universidade Federal de São Carlos e Universidade de São Paulo) e a do Parque Ecológico Municipal (52ha) foram adicionadas na estimativa do IAV, conferindo um incremento de 10,9m2 / hab, resultando num IAV final de 13,55m2 / hab, razoavelmente inferior ao das demais cidades consideradas (Tabela 1).

Os métodos utilizados para a quantificação da arborização urbana, fazem uso frequente de sensores remotos, principalmente aerofotografías, mas não distinguem as diferentes categorias e tipologias da arborização urbana, incluindo tanto as áreas verdes públicas como as particulares. Normalmente, as estimativas são realizadas sem abordar a questão da acessibilidade das áreas verdes à população. Em muitos casos são incluídas as árvores dos leitos de ruas, onde a área

 

verde é quantificada pela projeção das copas das árvores sobre as calçadas, situação em que as áreas verdes não são necessariamente permeáveis. Em outros casos, são consideradas as Unidades de Conservação (Reservas, Parques, Estações Ecológicas e outras) situadas fora da área urbanizada, freqüentemente de acesso público controlado ou vedado.

Tabela 1: Valores de IAV (Índice de Áreas Verdes) e IAL (Índice de Áreas Livres) para algumas cidades brasileiras.

* A inclusão das áreas dos campi da USP e UFSCar (área urbanizada) e do Parque Ecológico (área não urbanizada) na categoria de Parques Regionais ou Distritais, determina um incremento de 10,9m2/hab no valor do IAV para a cidade de São Carlos, que acrescido da contribuição de parques e praças, resulta num valor final de IAV de 13,55m2/hab. Cidades onde a área urbana definida por lei abrange toda a área do município, ocorre uma certa dificuldade na interpretação dos resultados. No município de Curitiba (PR), com toda sua extensão dentro do perímetro urbano, mas não necessariamente toda urbanizada, os valores de IAV (Tabela 1) variam de 3,4m2/hab na região central, até 2624m2/hab na região periférica; o valor médio é de 50,15m2/hab, dos quais 40,60m2/hab estão associados com a arborização particular e apenas 9,55m2/hab a arborização pública (20, 21). A cidade de Vitória (ES) apresenta 31,78m2/hab em

 

 

unidades de conservação, 46,42m2/hab em áreas particulares, 2,62m2/hab em arborização de ruas e apenas 1,88m2/hab em praças e pequenos parques (Tabela 1). Maringá (PR) apresenta um IAV de 28m2/hab, incluindo na estimativa áreas verdes sem acesso público, inclusive um parque municipal de aproximadamente 60ha, o maior da região, com apenas 1,5% destinado a uso intensivo (visitação pública), além da arborização de ruas (7). Foi relatado ainda para Maringá um valor de 20,6m2/hab, sendo 32,4% em decorrência das áreas verdes e 67,6% associados às ruas arborizadas (Tabela 1). Com base nestas informações pode ser estimado que as praças e bosques de Maringá contribuem com valores entre 6 e 9m2/hab, incluindo 7 áreas verdes com mais de 10ha, nem todas de uso coletivo. Esta projeção confirma uma contribuição de 6,69m2/hab devido as áreas verdes públicas de Maringá (20).

Os valores de IAV diagnosticados para a cidade São Carlos (2,65 e 13.55m2/hab) não podem ser considerados satisfatórios, e nem mesmo pode ser ignorado que setores urbanos, atualmente caracterizados como periféricos, não o serão mais amanhã. Certamente, a expansão da malha urbana através das regiões recentemente urbanizadas, determinará um novo contexto e implicará em novos problemas ambientais e demandas sociais decorrentes do adensamento populacional. Uma redução no valor do IAV pode ser esperada se a política de desenvolvimento urbano ignorar a importância da ampliação progressiva do sistema de áreas verdes urbanas.

Qualidade Ambiental tem sido conceituada como um "conjunto de condições que um ambiente oferece, em relação às necessidades de seus componentes" e Qualidade de Vida como o "nível de bem-estar psicológico, social e médico de um indivíduo ou de uma população em função " pressões externas" (1). Entretanto, os conceitos de qualidade de vida e qualidade ambiental se confundem, sendo muitas vezes tratados por indicadores básicos (habitação, saneamento, saúde, educação, etc.); outras vezes em função de aspectos perceptivos de bem-estar social e realização, eventualmente em função de oportunidades de escolha por modos alternativos de vida; outras vezes ainda, baseados na analogia com indicadores econômicos, tais como renda per capita , PIB, e outros(12).

Diversos trabalhos têm contribuído para descrever, avaliar e compreender como a sociedade atribui valores à natureza (11, 6, 26, 16, 10), com argumentos de que a percepção está associada a fatores históricos, geográficos, sócio-econômicos e culturais. Em alguns casos, têm sido verificado que a menor intensidade na percepção de valores atribuídos à natureza, está associada à parcela social que mais sofre pela perda das funções ambientais, particularmente a classe sócio-economicamente desfavorecida (12), onde as deficiências educacionais são mais complexas. Tratando-se do ambiente urbano e das funções das áreas verdes, torna-se necessário considerar que os valores que conferem a estrutura e as funções ambientais são inerentes ao próprio ambiente cultural e não ao ambiente natural. (12) considera, in verbis: "fica bem claro que uma melhoria na relação médicos / habitante, monóxido de carbono / automóveis, coliformes fecais / volume d'água e indicadores do gênero, só irá significar uma melhoria na qualidade de vida da população, nas suas dimensões saúde, qualidade do ar, saneamento, etc., na medida em que os indivíduos atribuam valor a essas dimensões".

Estes aspectos remetem à necessidade em compreender como a população percebe o seu ambiente, que valores são dados às áreas verdes e às funções a elas agregadas. Isto é, devem ser realizadas avaliações no sentido de definir o perfil do usuário e todos os parâmetros de programação das áreas verdes (18). Desta forma, a percepção ambiental pode fornecer novos indicadores úteis à gestão ambiental nas cidades, como forma de estabelecer valores mínimos de IAV e PAV ou qualquer outro indicador associado à qualidade ambiental ou de vida, mesmo através de métodos indiretos ou aproximações. Contudo, os programas de arborização urbana não poderão aceitar as distorções promovidas pelas desigualdades sociais, até por que, desejadas ou não, as funções ambientais não deixarão de

 

operar simplesmente por terem pouco ou nenhum valor a elas atribuídas pelo homem marginalizado. Além disso, são exatamente estas pessoas que mais sofrem pela falha (ou ausência absoluta) de uma educação que conduza a entender, julgar e decidir sobre o ambiente natural e cultural ao seu redor, processos estes fundamentais para a formação de valores perceptivos e à integração entre o homem e o ambiente urbano.

 

CONCLUSÕES

As técnicas de geoprocessamento desenvolvidas e aplicadas se mostraram adequadas aos propósitos. O SIG-IDRISI mostrou-se versátil enquanto ferramenta para a aplicação dos modelos georeferenciados, pela facilidade da utilização de operadores matemáticos, sendo portanto recomendado como ferramenta acessível e de baixo custo nas atividades que necessitem do emprego de modelos georeferenciados para estimativa de indicadores.

Os IAVs diagnosticados para São Carlos devem ser considerados em relação à densidade populacional sob risco de interpretação equivocada da realidade, pois os maiores valores foram obtidos para áreas de baixo adensamento populacional. Portanto, torna-se fundamental para o planejamento urbano, observar a dinâmica populacional na área urbanizada, sugerindo que a expansão urbana seja direcionada de forma que a densidade populacional seja um parâmetro efetivamente programado nos futuros loteamentos, possibilitando ao Poder Público garantir áreas públicas para fins de atendimento das demandas por áreas verdes e equipamentos urbanos diversos.

A aquisição/desapropriação de áreas verdes particulares representa um mecanismo oneroso aos cofres públicos. Neste sentido, o maior valor de IAV diagnosticado para algumas regiões deve, ao menos, ser considerado como desejável, desde que esta seria uma solução para evitar gastos futuros dos recursos públicos na aquisição / desapropríação de áreas verdes.


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ABSTRACT

Urban greening indicators from São Carlos City (SP) through GIS-IDRISI utilization. This paper provides a contribution for the environmental planning of the São Carlos City through a diagnosis based on the population density, percentage of green areas and green area / population ratio for the whole urban nucleus. The Geographical Informations System (GIS) - IDRISI

supplied the development and application of specific operational models. The results showed a 2,07% of green area in urban nucleus, while the average value of green area / population ratio is 2.65m2 green area / person. These urban greening indicators were compared with others obtained for several Brazilian cities and discussed in function of its adaptation and of its meaning for the life and environmental quality in the cities.

Key words: green areas, environmental planning, environmental quality, life quality.


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