Brazilian Journal of Ecology, Rio Claro, SP, Brazil, Vol.02 Number 01, 1998

NOTÍCIAS SOBRE A 6TH INTERNATIONAL CONFERENCE ON WETLAND SYSTEMS FOR WATER POLLUTION CONTROL

 

 Esta conferência foi realizada em Águas de São Pedro, estado de São Paulo, no período de 27 de Setembro a 02 de Outubro do corrente ano. É um evento da (International Association on Water Quality: Specialist Group on the Use of Macrophytes in Water Pollution Control Quality (IAWQ), sendo o último realizado em Viena, Áustria e agora neste ano no Brasil. Foi organizado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), através do Centro de Estudos Ambientais e Assessoria de Relações Exteriores (AREX). Teve como co-organizadores Sociedade de Ecologia do Brasil (SEB), Instituto de Ecologia Aplicada (IEA), Prefeitura de Águas de São Pedro, SP e Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, através da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP).

Presidente e organizadora da Conferência Internacional foi a professora doutora Sâmia Maria Tauk-Tornisielo, também presidente da SEB, e como vice-presidente o senhor Enéas Salati Filho. A firma que muito auxiliou na organização durante o evento foi a MIX, Rio Claro, SP, através de um de seus diretores Alfredo José Lima.

COMITÊ ORGANIZADOR

 

Sâmia Maria Tauk-Tornisielo, CEA/UNESP.

Enéas Salati Filho, IEA

Ana Maria Tauk Pereira, Consultora Independente

Constante Bombonato Jr, SABESP

Darcy Brega Filho, SABESP

David L. M. Da Motta Marques, UFRS

David Man Wai Zee, UERJ

Ivanildo Hespanhol, MULTISERVE

José Galizia Tundisi, CNPq

Lígia Maria Vetoratto Trevisan, AREX – UNESP

Eneida Salati – IEA

Luiz Augusto De Lima Pontes, AIDIS

Paulo Wanderley Da Silva, SABESP

Roberto De Souza Barros, ABES

Sérgio A. S. Almeida, BNC-IAWQ

Carmem Lúcia Roquete Pinto, INT

 

COMITÊ CIENTÍFICO

 

Raimund Haberl (A) – chairman

Robert H. Kadlec (USA), co-chairman

Hebert John Bavor (AUS)

Gunther Geller (DK)

Hans Brix (DK)

Alain Liénard (FR)

Donald Hammer (USA)

Reinhard Perfler (A)

Albert Van Oostrom (NZ)

Jan Vymazal (CZ)

Suresh K. Billore (IND)

Brian Shutes (UK)

Hans Brix Wittgren (S)

Enéas Salati (BR)

 

Participantes durante o evento, em relação aos países representados:

 

Número total de participantes = 157

Número de participantes por países:

 

Alemanha=1

Austrália = 5

Áustria = 3

Bélgica = 3

Brasil = 78

Canadá = 1

China = 1

Dinamarca = 2

Escócia = 1

Espanha = 3

Estônia = 1

França = 1

Holanda = 3

Índia = 2

Inglaterra = 6

Israel = 1

Itália = 6

Japão = 1

Malásia = 4

Noruega = 2

Nova Zelândia = 3

Portugal = 1

Reino Unido = 4

República Czech = 1

Suécia = 2

Tailândia = 2

Tanzânia = 2

Uruguai = 1

USA = 13

Número total de países = 29

 

CONTEÚDO DO EVENTO

O evento ocorreu no Grande Hotel de Águas de São Pedro, SP, reunindo cientistas, ambientalistas, pesquisadores, políticos, Secretário Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, o diretor do SEMAE de Piracicaba, o Magnífico Reitor em Exercício da UNESP e muitas outras autoridades.

Esta conferência mundial, já em sua sexta edição, constituiu num fórum estabelecido para realizar intercomunicação, renovação de contatos, discussão, troca de informações e novas idéias, sob o aspecto multidisciplinar relacionado a processos construídos e/ou naturais de "wetlands" ou áreas alagadas, como várzeas, alagados, mangues e outros. As áreas construídas ainda no Brasil não são abundantes, porém já existem algumas Prefeituras e Órgãos Governamentais interessados neste tipo de ambiente, para tratamento de efluentes, esgoto e água para consumo humano.

Nestes ambientes existe a reciclagem de nutrientes, envolvendo processos químicos, físicos e biológicos, encontrados no solo, na água e nas plantas. Os microrganismos aceleram a reciclagem dos elementos poluentes encontrados nos resíduos líquidos ou sólidos. Foi discutido que o sistema de "wetland" construído tem demonstrado eficiência no tratamento de resíduos e tem sido muito pesquisado nas últimas décadas, como alternativa de custo reduzido. Os resultados destas pesquisas e suas principais vantagens e desafios foram também apresentados nesta conferência, na forma de exposições orais, painéis e palestras.

As conferências anteriores foram realizadas em Chatanooga (USA), 1988; Cambridge (Inglaterra), 1990; Sidney (Austrália), 1992); Guangzhou (China), 1994 e Viena (Áustria), 1996. No Brasil, houve maior número de trabalhos apresentados e também maior número de participantes.

Durante a 6ª Conferência Internacional foram apresentadas 9 conferências de especialistas do mais alto nível, além daquela realizada na Seção de Abertura do evento, pelo Presidente do CNPq, professor doutor José Galizia Tundisi. Foram apresentados 68 trabalhos nas seções orais paralelas e 15 trabalhos na forma de painéis.

Durante a Conferência houve uma excursão para demonstrar algumas áreas da região onde já se encontram "wetlands" construídos para tratamento de resíduos. Foram discutidos durante esta excursão aspectos quanto aos modelos, vegetação, ciclo de água com os resíduos tipos ascendentes e descendentes e outros fatores que atuam nesses sistemas. Foram visitados os sistemas da Usina Costa Pinto – produtora de açúcar e álcool, localizada no município de Piracicaba. O valor do efluente desta Usina é de 1.500mg/L a 10.000mg/L de DQO e o tratamento do mesmo tem sido feito há 14 anos através de 7 lagoas de fermentação, e entre a 3a e 4a lagoas, o efluente passa pelo sistema de HDS (hydrological decontamination with soil-filtering soils), através de um canal de 300m. O projeto inicial foi dimensionado para reduzir de 90 a 95% a DQO e o fluxo do sistema para 100L/s/ha. O sistema ainda não foi totalmente concluído e atualmente o fluxo é de 205L/s/ha e sua eficiência é de somente 50%.

Outro sistema de "wetland" construído por solos filtrantes foi para atender uma população de 6.480 habitantes, baseado em edafo-fitodepuração. O sistema associa a depuração de solo natural, por vegetais e microrganismos, utilizando-se aguapé e arroz, este último foi novidade para muitos e expressaram a vontade de utiliza-lo em países onde se desenvolve bem. Este sistema foi inicialmente gerenciado pelo CENTRO DE ESTUDOS AMBIENTAIS da UNESP, sob a coordenação da professora doutora Sâmia Maria Tauk-Tornisielo, com financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente, com a contrapartida da Prefeitura do município de Analândia e apoio técnico-científico do Instituto de Ecologia Aplicada, cujo presidente é o professor doutor Enéas Salati e seus diretores Enéas Salati Filho e Eneida Salati. O produto final que sai do sistema, ou seja água tratada, recebe cloração e depois é distribuída para a população. Esta sendo realizada a monitoração da água e posteriormente, será realizada nos vegetais, principalmente o arroz.

O terceiro sistema visitado foi construído pelo SEMAE, Piracicaba, constituindo um sistema de tratamento experimental no condomínio "Terras do Engenho", para esgoto de uma população estimada de 3.000 habitantes, fluxo de 8,0L/s. Este sistema associado a várias técnicas de tratamento tem reduzido o poder poluidor do resíduo. O total de eficiência do mesmo é de 90%.

A parte cultural do evento foi financiada em quase sua totalidade pela Prefeitura do município de Águas de São Pedro, SP.

As CONCLUSÕES PRINCIPAIS desta 6ª Conferência Internacional sobre sistemas de áreas alagadas construídas para tratamento de resíduos ou de água, foi a intenção destas notas para dar conhecimento aos sócios da SEB, que por qualquer motivo, não puderam participar do evento:

  1. Banhados naturais e construídos têm sido utilizados para atividades de tratamento de efluentes e existem vários tipos de estudos de caso, sobre isto e algumas controvérsias.
  2. Diferentes processos têm sido propostos, dependendo dos fatores ambientais onde já existem ou onde serão construídos.
  3. A utilização de vegetais adequados relacionados ao tipo de processo é fundamental, para se obter uma ótima eficiência do sistema para tratamento de resíduos.
  4. A parte hidráulica também é de fundamental importância e sempre deverá ser aprimorada e monitorada durante o funcionamento do sistema.
  5. Estudos sobre as atividades de microrganismos ou a iliminação dos mesmos devem ser mais incentivados e o entendimento de como ocorrem as diferentes etapas do processo, nos diferentes processos e estágios dos mesmos.
  6. Muitas respostas precisam ainda serem dadas a algumas questões levantadas durante o evento, há portanto necessidade de maiores conhecimentos deste sistema
  7. Necessidade do aprimoramento do processo com fluxo vertical.
  8. No mundo todo, para água potável ainda este sistema é utilizado como pré-tratamento, no município de Analândia, SP, é o primeiro que está sendo utilizado como tratamento..
  9. Há necessidade de se estudar processos adequados de reutilização do sistema, principalmente quanto a remoção de bactérias e micropoluentes orgânicos.
  10. A modelagem para o sistema ainda é precária e necessita ser aprimorada.
  11. Desenvolver melhores conhecimentos dos fatores ambientais do sistema
  12. Pesquisar tipos de substratos diferentes, menos caros e mais eficientes, que revestem o fundo dos tanques.
  13. Aplicar sistemas combinados de "wetlands" construídos com outros sistemas.
  14. Pesquisar a utilização destes sistemas para tratamento de chuva ácida e água servida.
  15. Estabelecer critérios de decisão. Relação custo/benefício. Estes subsidiarão a decisão de construir ou não o sistema de "wetland". Caso a decisão seja positiva, a próxima etapa é de como escolher melhor o sistema de "wetland", para aquela determinada área.
  16. Procurar mecanismos eficientes da divulgação da utilização destes sistemas em países em desenvolvimento ou mesmos naqueles já desenvolvidos.
  17. Criar a valoração do sistema, utilizando graus como 1, 2, 3, ....., mas não terá o valor 0. O valor também poderá ser positivo ou negativo.
  18. Procurar oferecer maiores informações para subsidiar melhor a legislação existente.
  19. Procurar conhecer melhor qual é a substância que pode ser iliminada, com o sistema construído de "wetland".
  20. Este sistema pode proporcionar o alongamento da cadeia alimentar existente. 95% estudam estas cadeias e muitos deles introduzindo moluscos, um dos fatores bióticos do sistemas, porém pouco abordado durante a 6a Conferência Internacional. Deve ser mais incentivada este tipo de apresentação.

Espero que estas informações sirvam para que os especialistas no assunto possam passar suas opiniões e/ou resultados para serem discutidos na 7a Conferência, que será realizada em Miami, Florida, USA, sob as coordenações dos doutores R. Reddy e R. H. Kadlec.

Finalmente desejo ressaltar as Instituições que financiaram este evento, sem as quais teria sido impossível realiza-lo e nem ter havido tradução simultânea, favorecendo o melhor aproveitamento do evento:UNESP, SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, SABESP, CNPq, FAPESP, SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, CETESB, FUNDUNESP, CESP, SEMAE, CG ANALÍTICA, PACHANE, TECNAL, UNIMED, SEB, IEA, PREFEITURA DE ÁGUAS DE SÃO PEDRO, SP., e outras instituições. Deixo registrado o meu muito obrigado

Nota: O livro dos ANAIS esta sendo editado, caso algum sócio da SEB, deseja adquiri-lo, favor entrar em contato com a vice- presidente da SEB, Sâmia M.T. Tornisielo (019) 524-6555.