ARTIGOS

I Fórum de Debates

ECOLOGIA DA PAISAGEM E PLANEJAMENTO AMBIENTAL

 

GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA PAISAGEM DA BACIA DO RIO CORUMBATAÍ, VISANDO À ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO FLORESTAL.

 

C. A. Vettorazzi; V. M. Viana; R. de O. A. Valente; J. C. T. Mendes; D. J. Ferraz; M. J. Zotelli

USP / ESALQ e IPEF

 

1. Introdução

A Bacia do Rio Corumbataí, com aproximadamente 1700 km2, é uma das regiões de mata atlântica onde a biodiversidade se encontra mais ameaçada, em função do elevado nível de desmatamento. Sua vegetação remanescente está principalmente situada nos terrenos declivosos, sendo que os relativamente menos degradados encontram-se na cuesta do Arenito Botucatu e em trechos isolados de sua mata ciliar.

O conhecimento da relação espacial, da interação e das mudanças estruturais dos seus diferentes ecossistemas, os quais são objetos de estudo da ecologia de paisagem, são fundamentais na proteção dos mananciais e na recuperação da cobertura florestal nesta bacia, visto ser ela a principal responsável pelo abastecimento de água das cidades da região e, particularmente, por 100% do abastecimento de Piracicaba.

As técnicas de geoprocessamento têm sido importantes em estudos deste tipo, em função de facilitar a obtenção dos planos de informação necessários e melhorar a qualidade das análises, visando, de maneira geral, a um melhor entendimento e planejamento desses ecossistemas.

No caso da caracterização de bacias hidrográficas, as principais técnicas de geoprocessamento a serem utilizadas são: o sistema de posicionamento global (GPS); o sensoriamento remoto; e os sistemas de informações geográficas (SIGs).

Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a utilização de técnicas de geoprocessamento e resultados preliminares obtidos em uma área utilizada como Projeto Piloto, para a Bacia do Rio Corumbataí, visando à sua recuperação florestal.

2. Metodologia

Como área de estudo foi utilizado o Projeto Piloto, o qual é denominado de Tamandupá, com aproximadamente 6.000 ha, conforme pode ser observado na Figura1.

 

Figura 1 – Localização da área do Projeto Piloto na Bacia do Rio Corumbataí.

A principal fonte de informação deste Projeto Piloto foram fotografias aéreas verticais pancromáticas, na escala aproximada de 1:25.000, do ano de 1995, as quais foram rasterizadas, por meio de scanner, e compuseram um mosaico fotográfico da área.

Para a elaboração deste mosaico foi necessário o georreferenciamento destas fotografias áreas. Assim, foram registradas as coordenadas das fotografias aéreas e coordenadas reais, de pontos facilmente identificados nas cartas e nas fotografias. As coordenadas reais foram obtidas a partir da rede hidrográfica e da malha viária, previamente digitalizadas com base nas cartas do Plano Cartográfico do Estado de São Paulo (escala 1:10.000, ano de 1978).

Com o intuito de obter maior nível de detalhamento das informações existentes nas fotografias aéreas, foi utilizada, para as imagens resultantes do georreferenciamento, a resolução de 5 metros.

Com base no mosaico foi possível fazer a fotointerpretação digital do uso do solo na área (Figura 2); a atualização da malha viária; e determinar os usos do solo para as áreas de preservação permanente, consideradas prioritárias no processo de recuperação florestal do Projeto Piloto. As áreas de preservação permanente (APPs) foram dimensionadas com base no Código Florestal Brasileiro e variaram de acordo com a largura do curso d’água.

O mapa de solos e o modelo digital do terreno, foram outros planos de informação importantes na determinação das áreas prioritárias para recuperação florestal, em função de indicar áreas susceptíveis a erosão e APPs (declividades superiores a 45o).

O mapa de solos foi digitalizado a partir da carta pedológica semi-detalhada de Piracicaba, na escala 1:100.000. O modelo digital do terreno foi obtido a partir do recorte da área de interesse do modelo já existente para a Bacia do Rio Piracicaba, cedido pelo Projeto PiraCena, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da USP, com resolução de 20 m, tendo por base as cartas topográficas do IBGE, na escala 1: 50.000.

Para o desenvolvimento das atividades de digitalização e edição dos planos de informação foi utilizado o software TOSCA 2.12; nas atividades de sensoriamento remoto e SIG o software IDRISI 2.0; e para a elaboração do layout dos mapas temáticos o software ARC/VIEW 3.1.

 

3. Resultados e Discussão

O desenvolvimento deste projeto permitiu comprovar o grande potencial das técnicas de geoprocessamento, de maneira especial dos sistemas de informações geográficas (SIG’s) e do sensoriamento remoto, em estudos de paisagens.

O SIG’s permitem o cruzamento dos diferentes planos de informação, georreferenciados e registrados, o que possibilita a análise da distribuição espacial da cobertura florestal no meio físico, levando-se em conta fatores como tipo de solo, declividade etc, fornecendo assim subsídios para a tomada de decisões.

O sensoriamento remoto tem fundamental importância na obtenção de informações. Para áreas, onde é possível utilizar maiores resoluções, como no caso do Projeto Piloto, uma das vantagens desta técnica é o elevado grau de precisão da caracterização final do meio fisíco e sobretudo a economia de tempo.

 

Figura 2 – Mapa de uso do solo da área do Projeto Piloto.