ARTIGOS

I Fórum de Debates

ECOLOGIA DA PAISAGEM E PLANEJAMENTO AMBIENTAL

 

ATLAS AMBIENTAL DIGITAL E MODELO HIDROLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAJUSSARA/ SÃO PAULO

UM INSTRUMENTO PARA O PLANEJAMENTO EM METRÓPOLES BRASILEIRAS

 

Bernd Seelhorst

Diplom-Geograph (Geógrafo) - Universidade de São Paulo - Brasil - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Programa de Pós-Graduação em Geografia Física - E-mail: bernds@usp.br

 

Nos últimos 60 anos observa-se um intenso processo de urbanização no Brasil. Atualmente 75% da população brasileira vive em cidades, enquanto que em 1940 essa porcentagem era de apenas 33% (United Nations, 1999: World Population, 1998, New York).

A previsão para o ano 2015, é de uma população de 20,3 milhões na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), apesar da redução das migrações para as grandes metrópoles (e.g. São Paulo) e do movimento das grandes aglomerações para as áreas vizinhas, que estão em metropolização (United Nations). Isto equivale a uma densidade populacional de 2.521 habitantes por km². A migração brasileira, induzida por disparidades econômicas, atingiu uma velocidade tão alta, que um desenvolvimento sustentável dos grandes centros urbanos se tornou impossível.

A população da RMSP aumentou em 12 vezes entre os anos de 1940 e 1991 (Prefeitura de São Paulo, 1992: O poder em São Paulo: história da administração pública da cidade, 1554-1992, São Paulo). O resultado é uma diversidade de usos do solo, que em muitos casos não correspondem aos planos regionais ou locais de desenvolvimento (i.e. Plano Diretor, Zoneamento).

A ocupação espontânea resultou em uma densidade populacional muito alta em comparação com as metrópoles européias (RMSP 2.086 hab./km², Paris 1.244 hab./km², Berlim 674 hab./km², United Nations, 1999: World Population 1998, New York).

Neste contexto, também é importante destacar a baixa qualidade de vida dos habitantes das grandes metrópoles, evidenciada pelos seguintes indicadores: qualidade do ar, violência, poluição do meio ambiente, trânsito, etc. A conscientização da população em relação à qualidade de vida contribuiu para o novo processo de migração em direção às áreas em metropolização, como já mencionado.

Outro resultado do rápido crescimento de São Paulo é o alto grau de impermeabilização do solo, redução dramática de áreas livres e de áreas verdes, acarretando mudanças nas condições micro-climáticas, como por exemplo o aumento da temperatura média na área urbana em comparação com os arredores. Todos os efeitos do acelerado desenvolvimento urbano refletem uma influência considerável nos parâmetros ecológicos, como por exemplo, na freqüência e intensidade das

inundações, constituindo-se atualmente em um dos principais problemas da cidade. (Umweltbundesamt, 1998: Ursachen der Hochwasserentstehung und ihre anthropogene Beeinflussung - Massnahmenvorschläge, Texte 18/98, Berlim).

Nas grandes cidades do mundo, a Geografia moderna vem aprimorando instrumentos para viabilizar o desenvolvimento sustentável. O objetivo do presente trabalho é realizar uma síntese dos fatores socio-econômicos e físicos, subsidiando, por meio de uma base de dados, o planejamento urbano. Um exemplo de sistema de informações ambientais, já implementado e que tem contribuído efetivamente para o planejamento urbano, é o Atlas Ambiental de Berlim, Alemanha. No presente projeto está sendo desenvolvido um sistema de informações ambientais digital, adaptado às condições da segunda maior aglomeração urbana do mundo. O projeto será realizado com a utilização de técnicas convencionais bem como técnicas modernas (GIS/SIG, Sensoriamento Remoto, etc.). Como elemento adicional será testado um modelo hidrológico com a finalidade de avaliar métodos viáveis para diminuir as catastróficas inundações anuais em São Paulo. Para disponibilizar os resultados do estudo, além de meios convencionais, também será utilizada a Internet.

 

Componentes do Atlas Ambiental e Modelo da Bacia Hidrográfica do Rio Pirajussara

 

Para assegurar a qualidade e a viabilidade do projeto foram combinados cooperações com as seguintes instituições:

  • Bundesanstalt für Gewässerkunde (Instituição federal de pesquisas aquáticas em Koblenz/ Alemanha)
  • Abteilung für Landschaftsökologie der Georg-August-Universität Göttingen (Departamento de ecologia da paisagem, Universidade de Göttingen/ Alemanha)
  • NIWA Ecosystems, Hamilton, New Zealand (Instituto nacional de pesquisa aquática e atmosférica em Hamilton, Nova Zelândia)
  • Senatsverwaltung Berlin (Senado de Berlim)

 

Literatura:

Prefeitura de São Paulo, 1992: O poder em São Paulo: história da administração pública da cidade, 1554-1992, São Paulo

Umweltbundesamt, 1998: Ursachen der Hochwasserentstehung und ihre anthropogene Beeinflussung - Maßnahmenvorschläge, Texte 18/98, Berlin

United Nations, 1999: World Population 1998, New York

Senatsverwaltung für Stadtentwicklung und Umweltschutz, 1993: Umweltatlas Berlin, Berlim